sábado, 25 de julho de 2009

DEU-ME ATÉ VONTADE DE IR PARA A PRAIA...


Por que peste eu fico inventando de ver mais e mais filmes do amante Eric Rohmer? Ver o belíssimo e muito dialógico “Conto de Verão” (1996), na noite de ontem, me fez ficar em dúvida sobre a minha aversão a beijos na boca: será que é sincera ou apenas um truque para eu não me tornar ainda mais escravo de um prazer que me será ostensivamente negado? Qual o fundamento dos prazeres que veneramos ou protelamos? Por que eu sou assim?

No filme, um compositor com mestrado em Matemático fica sozinho numa casa de praia, aguardando uma menina por quem se diz apaixonado. Conhece outra – e outra. Apaixona-se pelas três, não sabe qual escolher quando elas agendam programas em datas coincidentes. Uma delas, a mais aparentemente vulgar, tem princípios rígidos acerca de suas atividades sexuais. Outra flutua como ambição idealizada do lindo protagonista. E a terceira, aquela que tendemos a dizer “é a certa”, prefere manter suas expectativas de vida centradas no que é acessível. Ela é doutorada em Etnologia, mas trabalha como garçonete. Seu namorado viaja. Ela alega que “ficamos muito mais à vontade para sermos nós mesmos com amigos do que com namorados”. Eu gosto de alisar alguns amigos enquanto converso. Aprendi no final do ano passado. Não é (só) sexual, é completo!

O filme possui quase 110 minutos de duração e é composto basicamente por diálogos. A estória parece que nunca vai acabar, apenas acumular mais e mais conversas e reflexões. Por mais que vejamos o tempo transcorrer, tornamos mais e mais cúmplices daqueles personagens comuns, que conversam, que falam o que já pensamos e quiçá já conversamos entre amigos. Eu já conversei! Fiquei com vontade de ir à praia. E de beijar um desconhecido novamente para ter certeza que é não é disso que mais gosto. Saudades, saudades!

Wesley PC>

Um comentário:

Anônimo disse...

Parece ser muito bom, gostei.

Ontem conheci uma pessoa, acho que o nome era Danilo, ele conversava comigo e com uma amiga, Ana. Ele perguntava pra ela se ela já teria visto o mar, pois ele nunca viu. Ela disse que sim, quando era bem pequena, nem se recordava direito. Os dois fazem Artes Plásticas, aqui na Unb e pensam em viajar como eu e Coelho. Quando eles me contaram sobre o mar, fiquei sem saber o que dizer, parece que na hora senti a sensação de estar numa praia e não imaginava uma pessoa nunca ter visto uma.

Rafael Barba( com uma vontade de ir a praia...)