sábado, 6 de junho de 2009

“TUDO O QUE SOBRE, TEM QUE DESCER!”


Coincidentemente ou não, numa das primeiras vezes em que me lembro de ter me masturbado na vida, o ator David Carradine estava lá. Era um filme bobo, histórico-revisionista, exibido no SBT. Deitei no quarto, enquanto a TV ficou ligada na sala, eu ouvindo a voz do dublador do sensual ator. Minha irmã entra em casa e pergunta por que a TV da sala está ligada se eu estava dormindo no quarto. Por sorte, era tarde demais (risos)...

Que seja, tal qual aconteceu com o vocalista da banda australiana INXS, Michael Hutchence, David Carradine parece ter morrido enquanto se masturbava. Sufocou-se antes do processo ejaculatório, uma morte que, em meus delírios futurológicos, talvez possa muito bem me alcançar, visto que eu curto deveras este tipo de prática. O que importa aqui, porém, é que David Carradine não era somente um astro tardio de ‘kung fu’. Ele realemnte um bom ator, quando tinha chances de provar isto. O filme na imagem é a prova cabal.

Trata-se de “O Ovo da Serpente” (1977), filme anglófono e obviamente dilacerador do gênio sueco Ingmar Bergman. Na trama, David Carradine interpreta Aron Rosenfeld, um personagem melancólico que investiga o desaparecimento e morte de seu irmão na Alemanha pré-nazista ainda da década de 1920. Interage com sua bela e igualmente melancólica cunhada Manuela (Liv Ullmann), ambos sendo personagens que, em virtude da degenerescência dos valores morais na era em que viviam, trocaram os espetáculos artísticos e circenses pela vulgaridade dos cabarés da época. O clima é de tristeza lancinante, tristeza esta que vai sendo mais e mais diegetizada à medida que o roteiro se desenvolve, dado que descobrimos que alguns cientistas estão “fabricando” depressão, a fim de investigar até que ponto um homem consegue agir no limiar do desespero. Na prisão, um estouvado Adolf Hitler escrevia o seu plano de luta...

Mesmo sendo um filme menos conhecido de Ingmar Bergman, “O Ovo da Serpente” é um dos mais brilhantes testemunhos de como o Mal se serve do mal para imperar, de como as condições depauperadas de uma sociedade favorecem o depauperamento de outras. E, em meio a tudo isso, percebemos a silhueta fálica do desiludido personagem do sensual David Carradine (1936-2009). Não me masturbei vendo este filme. A dor que ele transmite (e questiona etimologicamente) não abre espaço para tal prática de gozo, mas é um ótimo registro da vida deste saudoso ator. Ficam as imagens, os sons e as lembranças...

Wesley PC>

2 comentários:

JAN DE LONAN disse...

o que vou dizer????
simplesmente "petacular"...se a crítica de cinema do Mainstream tivesse essa veia libertária daria mais gosto ler.

Pseudokane3 disse...

Um dia, o 'mainstream' chega lá... Infelzimente, eles conseguem deglutir, ingerir, capturar, surrupiar tudo...

Mas eu resisto...

E, putz, Fúria, ooooooooooooooooh...

WPC>

PS: "petacular" deveras (risos)