quinta-feira, 25 de junho de 2009

QUEM DIRIA? AINDA SOU CAPAZ DE TER EREÇÃO EM ÔNIBUS!


Senti vontade de ir ao cinema hoje. Descobri que o filme mais recente do cineasta inglês mui personalista Mike Leigh estava em cartaz no Shopping Riomar. Saí do trabalho às 16h05’. Passei mais de 35 minutos no Terminal do Campus, aguardando algum ônibus que me conduzisse ao Terminal de Integração Leonel Brizola. Quando este finalmente chegou, logo ficou cheio. Muitas pessoas aguardavam o mesmo ônibus que eu! Encostei-me no meu local-fetiche (aquele espaço reservado aos deficientes físicos) e fiquei com o rosto muito próximo das costas de um menino razoavelmente bonito, que usava o mesmo perfume que alguém que gosto muito. Ao perceber a similaridade odorífera, cheirei-o sem cerimônia. Servi-me para tanto do pretexto de o ônibus estar cheio de gente, de estarem me apertando oportunamente naquele momento. De repente, percebo que estava com o pênis ereto. Eu, que tenho o maior pudor em utilizar a expressão “pau duro”, estava ali, justamente com o pau duro! O que é engraçado nesse contexto erótico era um paradoxo estrutural neste processo de excitação semi-voluntária: se, de um lado, o que me fazia encavar cada vez mais e mais o nariz nas costas do menino era o cheiro que me lembrava outra pessoa, por outro, o que me fazia ter desejos eróticos era o calor do jovem diante de mim, que, felizmente, não esboçou qualquer reação ao meu assédio descontrolado. Pena que a viagem durou pouco. Ele desceu, eu também.

Cheguei ao Shopping Riomar às 17h15’. Por sorte, consegui comprar o ingresso do filme a tempo de ver os créditos de abertura. Nome do filme: “Simplesmente Feliz” (2008). Simplesmente maravilhoso! Mesmo que eu e a platéia tenhamo-nos esbugalhado de rir, gargalhar até, tenho receio em classificar o filme como uma comédia. Ao final, eu e um companheiro estávamos em dúvidas se seguíamos o conselho prático da protagonista e saíamos saltitando por aí ou se repetiríamos os questionamentos protetoriais que faziam constantemente a ela e saímos a perguntar os porquês de tudo ao nosso redor. Optamos pela segunda alternativa. De alguma forma estranha, aquele filme felicíssimo nos deixara reflexivos...

Cabe, portanto, dedicar algumas frases a este filme absolutamente surpreendente: na abertura, a personagem central, de apelido Polly (vivida de maneira impressionantemente simpática por Sally Hawkins, que parecia dopada de tão risonha), passeia em sua bicicleta, esbanjando contentamento. Entra numa livraria, folheia os livros, rejeita algo que fala sobre o caminho para a realidade e tenta alegrar o compenetrado funcionário do estabelecimento. Não tem sucesso. Ao sair, descobre que sua bicicleta fora roubada. Sua maior frustração em relação a isso foi não ter tido uma oportunidade para se despedir. E assim, esfuziante, ela segue a vida, até que, depois de deslocar sua coluna pela prática excessiva de pulos numa cama elástica, ela passa a sentir uma dor incômoda tão forte que passa a ser engraçada. Numa sessão de fisioterapia, nós da platéia gargalhamos junto com ela, que se debulhava em risos altissonantes, sempre que um estalo de dor atravessava sua estrutura óssea. Fazia tempo que não ria por tanto tempo e tão alto numa sessão de cinema. Meus olhos ficaram encharcados de lágrimas! O filme é maravilhoso e um exemplo não-impositivo de como levar a vida. Identifiquei-me. Lembrei de mim mesmo até certo tempo. Estou torcendo para que o filme continue em cartaz. Mais e mais pessoas precisam entrar em contato com esta verdadeira preciosidade cinematográfica! Quanto ao meu pênis? Flácido, flácido, mas estou à espera de um conhecido vizinho, que, por sinal, não tomou banho ainda hoje, o que pode garantir um adorável jorro de glicose seminal no interior de minha garganta ávida dentro de algumas horas...

Wesley PC>

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