quarta-feira, 24 de junho de 2009

QUANDO SE QUER AQUILO QUE SE QUER!


“Cada um de nós tem uma fera selvagem dentro de si. Nosso dever como humanos é adestrá-la”

Acabo de rever um de meus 10 filmes prediletos – o tailandês “Mal dos Trópicos” (2004), de meu muso Apichatpong Weerasethakul – e deparei-me com a epígrafe acima antes dos créditos iniciais. Já tinha visto o filme várias vezes, mas esta era a primeira vez que eu o consumia legendado em meu idioma pátrio. Cada imagem, cada som, cada palavra pronunciada ou lida, cada crítica sub-reptícia ou explícita do filme dilacerava simultaneamente meu cérebro, meus sentidos e meu coração. Impossível resumir a trama, nem vou me dar a este luxo pernóstico aqui, mas, assim que as luzes da sessão doméstica se acenderam, uma canção não saía de minha cabeça: “La Verité”, da dupla eletrônica belga e mui modernosa Vive La Fête. Precisava escutar aquela canção naquele exato instante!

Como todos sabem, é incomum que eu escolha o que ouvir antes de ouvir. Geralmente me entrego às contingências e recebo de bom grado o CD que cai em minhas mãos quando fecho os olhos. Mas eu precisava ouvir “La Verité”! Apesar de ser uma canção recente (está contida no álbum “Grand Prix”, datado de 2005), muita coisa em minha vida já aconteceu enquanto esta brilhante canção era executada. Decepções foram sentidas, alegrias foram simuladas, relacionamentos começaram e terminaram... Vidas serviram de palco para a execução da canção – e vice-versa!

O que é pitoresco é que conheci esta banda por acidente. À época, costumava descobrir bandas “pimbas” digitando consoantes aleatórias nos espaços de busca de sítios eletrônicos destinados á audição de músicas pela Internet, como, por exemplo, a Rádio UOL. Não sei quais consoantes usei para chegar até esta dupla, mas simpatizei de imediato com seus acordes dançantes e silábicos, em contraste com a melancolia irrestrita dalgumas letras. Repito: eles zombam da própria tristeza, eles dançam sobre o desencanto. Eu tinha mais é que me tornar fã daquilo!

Poucos anos depois desta descoberta, conheci um adorável casal ‘junkie’ que possuía a discografia completa da dupla. Pedi que eles me recomendassem um álbum e este da fotografia foi o escolhido. Além da faixa que destaco, encontramos preciosidades como “Petite Putain”, “Claude François”, “Sabrina” e “Miracle”. Mas, por motivos muito pessoais, é “La Verité” que me estraçalha agora:

“Amour de ma vie, mon homme unique
Je te dis la vérité
Je t'explique ce qui s'est passé
Dis moi je ne suis pas si conne
Tu es comme moi comme moi”


Suponho que meu companheiro Américo conheça a banda. Dedico a postagem (também) a ele, portanto!

Wesley PC>

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