domingo, 28 de junho de 2009

A PERFEIÇÃO FAZ COM QUE MUITA COISA MUDE DE UM DIA PARA O OUTRO!


A fotografia acima pertence a “Filme de Amor” (2003), obra-prima de Júlio Bressane. Associar o nome deste cineasta a obras-primas é, porém, algo muito problemático: ver este filme com alguns de meus melhores amigos na noite de ontem me fez perceber o quanto este brasileiro não somente é genial, mas como ele renova violenta, drástica e poeticamente o conceito de ARTE (com letras maiúsculas mesmo) em cada um de seus filmes. Tanto que eu, com todo o meu exibicionismo enciclopédico, fui incapaz de reconhecer o que era despejado na tela e na banda sonora do filme. Ao invés disso, resignei-me à minha insipiência conteudística e gemi de gozo frente à sublimidade do filme. Redescobri ali o que é Perfeição. Por pouco, não enviei uma mensagem declarativa a um personagem real que eu associo a exata mesma Perfeição, a fim de coroar o ápice de meu espanto estético. Contive-me: estive diante da Perfeição!

A trama do filme, se quisermos insistir nisso, é de uma simplicidade cavalar: duas mulheres e um homem, todos eles escravos de cotidianos banalizados pelo Capitalismo, se juntam numa casa fechada e se embriagam de livros, filmes, músicas, nudez, corpos, comida, eletrodomésticos e sexo e amor e desejo e paixão e entrega sem aparatos. Só isso! Mas é perfeito! Enquanto se abraçavam, rastejavam no chão, liam Hilda Hist, fritavam ovos em ferros elétricos, aquelas pessoas amavam e faziam com que amássemos-nos. Amavam em estado bruto e instauravam em nossas mentes deslumbradas uma sede avassaladoramente crescente de conhecimentos e sensações. Talvez eu me sinta incapaz de descrever o que vi... Só vendo de novo... e de novo... e de novo... e pondo novos amigos queridos para verem também. Obra-prima!

Curioso foi o processo que levou-nos, eu e meus amigos, à escolha deste filme. Eascrevemos num pedaço de papel o que sentíamos e queríamos naquele momento e depois lemos as respostas e anseios do Outro. O anfitrião da residência onde estávamos sugeriu o filme bressaneano e eu acatei de imediato. Acatamos, aliás. Na cena que maias me identifico, o homem do filme ejacula na tigela onde se costumava deixar leite para o gato. Uma das mulheres põe mais leite sobre o esperma ejaculado na tigela e senta-se, nua, sobre ela. Transborda-se leite, sêmen e gozo em geral. Um dia ainda faço aquilo. Ou talvez eu já tenha feito, sei lá. Salve as graças da Beleza, do Amor e do Desejo, tão louvadas durante o filme inteiro!

Wesley PC>

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