terça-feira, 16 de junho de 2009

O BARROCO NOSSO DE CADA DIA...


Esta imagem assombrou a minha infância. Via-a sempre num dicionário e, à época, jamais imaginaria que hoje, aos 28 anos, tornar-me-ia um devoto tardio do gênio religioso do Padre Antonio Vieira, de seus discursos barrocos, de sua sensatez sobressalente. Acabo de ver um filme dirigido pelo classicista iconoclasta (se é que a combinação adjetiva é possível) Julio Bressane sobre este supremo literato barroco e encantei-me com o “Sermão de Santo Antônio aos Peixes” (1654):

“Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar ao pregador, que é serem gente os peixes que se não há de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente. Por esta causa não falarei hoje em Céu nem Inferno; e assim será menos triste este sermão, do que os meus parecem aos homens, pelos encaminhar sempre à lembrança destes dois fins”.

Temo o silêncio, temo o mesmo NÃO que apavorou o personagem principal do filme bressaneano. Acho que tenho medos por demais! Culpa trágica de quem ama... A Deus, aos homens, aos peixes, seja a quem ou ao que for!

Wesley PC>

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