sábado, 20 de junho de 2009

“NÓS NÃO USA BLEIQUETAI”!


Este é o título da música-tema que Adoniran Barbosa e Gianfrancesco Guarnieri compuseram para um dos filmes brasileiros seminais da década de 1980. Acabo de vê-lo e as lágrimas ainda não secaram. Sou agora um homem que chora, talvez! Sou agora um homem que sente na própria pele os efeitos da Arte. Sou um homem que vive!

No filme, vários dos conflitos que me acompanham na chamada “vida real” são retratados: as brigas de família, a deterioração social provocada pelo alcoolismo e congêneres, o sonho atropelado de uma vida marital feliz, os vínculos empregatícios como sendo destruidores da Alma, as amizades que ganhamos e perdemos no percurso mundano, a urgência sobrevivencial, tudo está lá! No centro da trama, um pai metalúrgico com passado na cadeia por causa de atividades sindicais e seu filho temeroso, que exige “o direito de não participar de greve”, que reivindica a honra de escolher o nome de seu filho homem, que sai de casa ao discordar dos ideais de seu pai... Ao redor da trama, várias sub-tramas de gente pulsante, de vidas esmagadas pela grande betoneira emburrecedora do Sistema. Um filme maravilhoso, um filme capital, que devia ter visto faz tempo, visto que ele nasceu no mesmo ano que eu. Mas precisei esperar 28 anos, 5 meses e alguns dias para saber que não estou sozinho. Não estou sozinho! Cena que mais me marcou, no âmbito pessoal: quando pai e filho discutem na mesa do jantar e, quando um deles sai de casa, enfezado, tudo o que a mãe fala é: “alguém tem que dar um reforço nesta porta. Desse jeito, ela não vai agüentar!”. Quem agüenta? O brasileiro é antes de tudo um forte, se me permite a corruptela nacionalista do Euclides da Cunha.

Voltando ao contexto extra-fílmico, onde faltara energia elétrica na última cena do filme: por causa de um desencontro ao meio-dia de ontem, precisei que me substituíssem no trabalho. Pedi que alguém me ajudasse a ficar calado, visto que não me sentia em condições emocionais para atender aos problemas alheios. As pessoas que estavam no setor em que labuto, porém, não respeitaram o meu pedido. De 2 em 2 minutos, faziam-me perguntas, repassavam-me os dilemas dos alunos e ex-alunos da Universidade Federal de Sergipe. E eu fazia o máximo para sorrir enquanto falava com eles. E o tempo passava. De repente, eram 20h. Não estava com vontade de ir para casa cedo (para quê? Para ouvir mais gritos em família? Tenho todo o fim de semana para isso...). Passeei pela UFS com uma amiga de trabalho. Esta me levou ao setor em que um amigo em comum trabalha. A porta estava fechada. Batemos. Ao entrar, percebemos que ele peidava compulsivamente enquanto assistia a um filme pornográfico homossexual. Na tela do computador, homens chupavam os pênis de outros. Minha amiga ficou moralmente enojada. Eu fiquei chateado, por outros motivos (“todos eles, meu Deus, todos eles!”). O tempo continuava a passar. De repente, eram 22h. Conversava com um redentor. Descobri que, no mundo, existe alguém chamado Luanda Boaz. Ei-la na foto, na capa de uma revista qualquer. Alguém precisa reforçar a porta...

Wesley PC>

Um comentário:

américo disse...

ih, wesley tomare q essas coisas passem logo! E que tudo dê certo...
Tô na torcida
abraços.