quinta-feira, 25 de junho de 2009

“NOBODY LOVES ME/ IT’S TRUE!”


"Not like you do” (só que eu nunca canto a segunda parte deste verso)

Assim entoa a voz divina da Beth Gibbons durante a execução de “Sour Times”, segunda faixa do álbum “Dummy” (1994), do Portishead, que agora ouço. Poderia fazer duzentas mil referências sobre esta banda sensual (“ideal para se ouvir enquanto fazemos sexo”, segundo o senso comum e, que, coincidentemente, foi o que estava tocando de fundo no que em que assediei Marcos Miranda enquanto ele dormia), mas prefiro usar o objeto direto: duas canções do Portishead (“Roads” e “Strangers”) fazem parte da trilha sonora do ótimo e esquisito filme de vampiros “Nadja” (1994), dirigido por Michael Almereyda e produzido pelo bizarro David Lynch e é dele que falo agora:

Fotografado num maravilhoso e tétrico preto-e-branco, “Nadja” é uma estória de amor sombrio, sobre a vampira do título, vivida pela modelo Elina Löwensohn, que zanza pelo mundo reclamando de sua dor, “que é a dor da alegria fugaz”. Apaixona-se por outra mulher, mas esta rejeita o lesbianismo. Seu pai está em coma e ela enfrenta inúmeras crises sobre sucessão familiar malévola. Seu único companheiro é o terno Renfield (vivido por Karl Geary, um de meus atores juvenis favoritos, felizmente ainda pouco conhecido), que nutre uma paixão avassaladora por ela, que não nota, que só tem olhos para sua amada Lucy (vivida pela atriz independente Galaxy Craze). Mas amor é algo que se dá e não se exige. E todos morrerão!

Muitos de meus amigos desgostam deste filme. Acham-no muito programado para ser triste, alternativo. Eu, obviamente, fui completamente seduzido por ele. Já vi duas vezes e preciso de mais. Usar Portishead no cinema é golpe certeiro (Bernardo Bertolucci que o diga!). E eis a música que sempre ouço depois que o filme acaba:

“Please could you stay awhile to share my grief
For its such a lovely day
To have to always feel this way
And the time that I will suffer less
Is when I never have to wake

Wandering stars, for whom it is reserved
The blackness of darkness forever”


Wesley PC>

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