domingo, 26 de abril de 2009

VIAGENS ALTERADAS, ESTADOS ALUCINANTES


“Não me interessei por nada daquilo. Tudo me parecia mera apologia às drogas”

Assim reclama o protagonista de “Viagens Alucinantes” (1980), tradução nacional para “Altered States”, clássico do instintivo cineasta inglês Ken Russell. Vendo este filme surpreendente na manhã de ontem, não tive como não me lembrar (com afeto extremado) de alguns habitantes de Gomorra, com destaque especial para o muso Rafael Mauricio. Motivo: no filme, o protagonista vivido por William Hurt é um cientista descrente (abandonara Deus no momento em que seu pai morrera, pronunciando a palavra “terrível”) que se dedica a pesquisar a relação entre o uso de substâncias lisérgicas e o êxtase religioso. Dedica-se tanto à pesquisa, que “se esquece de viver, se esquece de amar”. Uma antropóloga se apaixona perdidamente por ele e o convence a se casar, mas ele só se preocupa em estudar alucinógenos. Depois que viaja ao México, descobre um potente cogumelo, que, sempre que ingerido em experiência, o faz voltar a estágios primitivos da evolução humana, ora transformando-se num primata ancestral e carnívoro, ora transformando-se em nuvem, água fervente ou bactérias unicelulares. Não vou contar muito o que acontece até o final, mas a conclusão de que “o amor é a mais alucinante e lisérgica e perturbadora de todas as sensações” é algo que, tenho certeza, alguém usará um dia contra a placidez inane do amado Rafael Maurício (risos). Para mim, inclusive, o momento mais pungente do filme, repleto de assustadores e poderosos efeitos especiais, é justamente quando a personagem apaixonada de Blair Brown confessa que tentara amar outras pessoas, mas não conseguira: é seu marido quem a obsessa infinitamente! Rafael Maurício precisa ver isto urgentemente! Vou deixar aqui guardadinho para ele, depois que o bendito consertar novamente seu problemático reprodutor de DVDs...

“Tu me salvaste! Tu me redimiste à beira do abismo. Eu estava naquele terrível momento de horror que é ‘o início da vida’. Era o nada. Simples e ultrajante nada. A verdade final de todas as coisas é que não existe verdade final. Só é verdadeiro o que é transitório. É a vida humana que é real”...

Wesley PC>

Um comentário:

Annita! disse...

´SEMPRE DIGO QUE O MELHOR DOS ALUCINÓGENOS É A PAIXÃO...E QUE O AMOR É UMA DROGA PESADA.HEHEHE...
BOM EM RELAÇÃO AO MAURIÇÃO...CONCORDO, O FILME É A CARA DELE!E AINDA, COMPLEMENTO DIZENDO QUE TVZ ELE TENHA PROVADO O DOCE E SUAVE VENENO DO AMOR; DIGO ISSO PQ JA O AMEI, MAS NELE TENHA CAUSADO UM BAD TRIP.RSRSRS...
Fica na paz Rafa!Bom filme, adorei o texto Uerli.