terça-feira, 14 de abril de 2009

SIM, EU DESACREDITO NOS SISTEMAS DEMOCRÁTICOS REPRESENTATIVOS. E DAÍ?


Repito: e daí? Numa democracia, nossas vozes discordantes são ouvidas, mas, enquanto minorias, são relegadas ao marasmo de onde provieram. São beneficiadas com as dádivas da visibilidade e audibilidade, mas... E daí? São computadas enquanto insatisfações válidas, mas... E daí?

Por alguns minutos da noite de segunda-feira, acompanhei o debate entre duas chapas concorrentes para o Diretório Acadêmico Livre de História. As reclamações e vantagens de campanha eram praticamente iguais às que foram proferidas em hipotéticos debates entre chapas concorrentes pelos diretórios de Medicina, Jornalismo ou Engenharia de Produção, seja em 2009, 1985 ou 1914. O modo “objetivo” como o debate foi conduzido, idem. O modo brando como a violência institucional dominante penetrava no cotidiano pretensamente intervencionista de pessoas que eu aprendi a conviver, também. Em dado momento do debate, alguém diz que “sem um empurrãozinho de cadeira não há verdadeiro embate de idéias”. Noutro momento, alguém cantarola versos de uma canção do Barão Vermelho (“Declare guerra aos que fingem te amar”) para denunciar o que ele tachava de continuísmo entre a composição da presidência anterior do Diretório e os que tentavam se eleger na presente véspera de pleito. Os mediadores do debate foram acusados de inábeis. Pessoas que amo exasperaram-se na platéia. O panfleto propagandístico de uma das chapas utiliza os versos rimados de um aluno para difundir esperanças utópicas que, na prática, dependem previamente da adesão do autor das rimas forçadas ao tipo de solidariedade que crê apregoar... Tive que sair correndo do auditório. Na mais tola das hipóteses justificativas, não faço parte daquele curso, não concordo com aquele sistema eleitoral (ou de qualquer outro tipo), não deveria sequer entrado ali, visto que minhas intenções ao estar presente eram bastante dúbias. Culpa minha, quem mandou eu cutucar onça com vara curta?

Ah, todos vão ler isto aqui e ninguém vai comentar para não tomar partido, para não confundirem a simpatia que sentem comigo e a discordância pelo que penso? É mais uma característica da Democracia que eu não concordo. Ah, talvez eu tenha um mínimo de razão, mas esteja desperdiçando-a com um texto reclamante com um texto repleto de segundas intenções? Pode ser, a Democracia me dá esse mesmo direito. Mas, em ambos os casos, bem como no título, eu me pergunto: e daí?

Wesley PC>

4 comentários:

Unknown disse...

Também desacredito

Annita! disse...

Primeiro, gostaria dizer que também desacredito nos sistemas democráticos. Seja por sua gênese contestável, seja por sua apropriação pelo discurso de neo-liberal sobre liberdade, no qual um dos principais alicerces, é ela: a Democracia. Digo isso, pq discordo e combato; de maneira menos extensiva hj, porém ainda eminente, todas as formas de usurpação da dignidade humana. Se a democracia nos dar a falsa liberdade, ela se estrutura ainda mais pela manobra de dominação mais escrota q conheço atualmente: a eleição. A eleição como instrumento de dominação da burguesia, só modifica os os governos, e nao seus regimes, nem princípios. Portanto, contínuo ainda comungando da mesma opnião que vc Uerli. E confesso-te que tua análise política, proxima da minha me surpreendeu. E ah! Não menos importanto, a placidez do seu texto em nao citar nomes, permite que as análise seja ilibadas!Parabéns!

Pseudokane3 disse...

Tu vais ficar com muita raiva de mim, Anne, se eu disser que não citei nomes por pura incompetência? (risos)... Fiquei com medo de que minhas concepções políticas parecessem mera birra por ser violentamente detsratado pelo "talzinho" lá, mas... Tudo é um começo, fazer o quê?

WPC>

Annita! disse...

Raiva não! Se tem uma coisa q decidi e q nao quero este sentimeto p mim...Mas apenas vc irá voltar ao mesmo ponto.e eu desiludida