terça-feira, 14 de abril de 2009

A FALTA DE ENERGIA ELÉTRICA E MINHA IMPOTÊNCIA FRENTE À DISTÂNCIA DA BEATITUDE


Desde pequeno, quando um prematuro viciado em audiovisibilidade, que sou tentado a crer que sou incapaz de mover-me adequadamente num mundo sem energia elétrica. Quando abria os olhos depois de algum período de sono e percebia que os aparelhos elétricos de minha casa eram impossibilitados de serem externamente alimentados, recusava-me a levantar-me. Hoje, eu cresci (para o melhor e para o pior) e, por mais que não creia mais nesta superstição, acabo de vivenciar mais de 2 horas de falta de energia elétrica e, puxa, que agonia, que sensação de descoberta!

Incapaz de ligar o computador (por mero capricho, visto que meu aparelho é alimentado por bateria recarregável) ou de ver qualquer filme, restou-me enviar mensagens telefônicas a longa distância (previsivelmente não-respondidas) e pesquisar sobre o cotidiano político de países asiáticos como Omã e Bangladesh. Descobri que a capital do primeiro país se chama Mascate, que o gentílico do segundo país é bengali e que “Garoto de Aluguel”, do Zé Ramalho, é uma das músicas brasileiras que mais me fazem querer chorar (“Quero um pagamento para me deitar e junto com você estrangular meu riso. Dê-me seu amor, que dele não preciso”!)...

Daí o tempo passa, a energia elétrica volta e eu percebo que o sono é também forca geratriz da beleza, da mesma forma que o dinheiro em algumas canções do Caetano Veloso. Minha mãe me dá comida na boca, enquanto se preocupa com a depressão imobilizante de meu irmão caçula. Motocicletas de consumidores contumazes de drogas vendáveis param em frente a minha casa. Propagandas de álbuns do Simply Red (banda que me é completamente irrelevante) são anunciadas na TV. Eu envelheço enquanto escrevo isto, mas esta expressão egrégia de prazer captada na foto permanecerá eterna. Eis o que me consola!


“Nada me preocupa de um marginal”...


Oh!

Wesley PC>

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