domingo, 5 de abril de 2009

EXPERIMENTO ANTROPOLÓGICO


Várias e várias vezes, os visitantes de Gomorra com Ferreira no sobrenome convidaram-me para freqüentar um bar ‘gay’ de nome Alquimia. Por mais que eu tivesse certeza de que este seria um ambiente em que eu não me sentiria confortável, estava disposto a aceitar o convite deles. Nunca deu certo. Sempre acontecia algo que fazia com que, na hora H, eu desse para trás, faltasse ao meu compromisso. Ontem, assim de supetão, três amigos acompanharam-me a tal lugar. Confirmei a minha suspeita: não me senti confortável no lugar, apesar de ter me divertido, da minha forma muito pessoal.

Por que eu tinha tanta certeza de que não me sentiria confortável neste lugar? Fácil: porque não gosto de guetos, porque não acredito que o confinamento voluntário seja uma atitude de progressão política, porque não acho que um conglomerado de pessoas extremamente afetadas dançando ao som de ‘axé music’ seja um ato de revolta contra a sociedade preconceituosa que nos oprime. Mas suportei firmemente, fiquei lá até o final, observando com muita curiosidade aquelas pessoas “carimbadas”, tanto no que diz respeito a trazerem na testa a inscrição ‘gay’ tanto por serem as mesmas pessoas de sempre. Pelo menos, pude matar as saudades de “Chorando Se Foi”, do Kaoma:


“Chorando se foi
Quem um dia só me fez chorar...
Chorando estará
Ao lembrar de um amor
Que um dia não soube cuidar”...


Suportei, suportei, músicas horrendas sendo executadas e eu suportando, pois tinha amigos fiéis ao meu lado. De repente, surge música eletrônica na casa. Finalmente. Dancei, interagi com alguns seres, mas todos se assustavam com meu frenesi e pediam calma. Diziam que eu parecia estar louco, possuído ou qualquer coisa que o valha. Mentira! Eu estava tão calmo e/ou cabisbaixo. Pelo menos, a experiência me fez ter certeza de três coisas:

a) Que não sinto vontade de voltar tão cedo àquele lugar (uma toca, em que pagamos R$ 5,00 para ficar presos);

b) Que “Don’t Speak”, do No Doubt, é uma música perfeita para se esgoelar dentro de veículos automotivos (“Don't speak. I know what you're thinking. I don't need your reasons. Don't tell me cause it hurts”);

c) Que, definitivamente, eu não sou ‘gay’!

Wesley PC>

Nenhum comentário: