Henrique Batalha já havia me dito várias vezes que era verdade que este grande compositor francês, responsável pela maioria das trilhas sonoras clássicas dos filmes da ‘nouvelle vague’ viria ao nosso Estado ainda este ano. Mas eu achava tão incrível que, por mais que acreditasse, relutava em levar a sério. Hoje eu li (em vários jornais diferentes) que é verdade: em comemoração ao “ano da França no Brasil”, Michel Legrand comparecerá em diversos concertos estaduais no Nordeste do Brasil e, em Aracaju, ele se apresentará ao lado da harpista Catherine Michel.
Não por coincidência, ontem eu assisti a um dos magníficos filmes musicados por Michel Legrand, “Cléo das 5 às 7” (1962, de Agnès Varda), ao lado de minha amiga e “irmã” Juliana Aguiar, de sua irmã consangüínea Aline e do comunicativo Glauco. Quando a atriz Corinne Marchand chora ao despejar a desconcertante letra de “Sans Toi”, fui obrigado a segurar com força nas mãos da mulher que me oferecia colo, se não quisesse debulhar meu rosto em lágrimas, tal qual a atormentada e renovada personagem-título. Ao perceber a dramaticidade pungente da letra da canção (de autoria da própria diretora do filme), Aline Aguiar perguntou se eu já tinha publicado a mesma aqui no ‘blog’. Não entendi por que não havia feito isso até então. Mas ainda há tempo de corrigir o meu pecado:
“Com todas as portas abertas em plena corrente de ar
Eu sou como uma casa vazia, sem ti, sem ti
Como uma ilha deserta cercada pelo mar
Minhas praias desaparecem, sem ti, sem ti
Bonita, apesar de completamente perdida, nua no coração do inverno
Eu sou um corpo vazio, sem ti, sem ti
Consumida pela tristeza, morta numa tumba de vidro
Eu me cubro de rugas, sem ti, sem ti
E se tu chegas tarde demais, eu estarei deitada no chão
Sozinha, feia e deteriorada, sem ti, sem ti
Sem ti”
Faço minhas as palavras dela – e que venha o Michel Legrand para me consolar!
Wesley PC>
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