quarta-feira, 4 de março de 2009

SE FOR A TUA VONTADE...


Todos sabem que sou fã do Antony Hegarty, vocalista da banda infeliz Antony and the Johnsons. Poucas pessoas entendem tão bem este vício em vitimização que tanto me acomete, esta necessidade sadomasoquista de se exibir aos prantos para um mundo ocupado, quanto este gênio britânico que transita entre as cenas musicais nova-iorquina e canadense, este quase travesti que geralmente canta em falsete, cujas letras transpassam a perfeição lacrimosa. Às vezes, porém, Antony Hegarty resolve cantar músicas de outras pessoas. Suas escolhas são minimalistas e acertadas: vão de Nina Simone a Angelo Badalamenti, passando por Bob Dylan, Björk, Lou Reed e Edgar Allan Poe.

Numa destas sensacionais escolhas, ele regravou “If it Be Your Will”, do bardo canadense e depressivo Leonard Cohen. É dela que me sirvo agora, supondo que esteja disposto a vestir uma máscara preventiva:

“Se for a tua vontade,
Eu não mais falarei
E minha voz ficará quieta como era antes
Eu não mais falarei
Devo suportar até que possa novamente falar
Se for a tua vontade
Se for a tua vontade”...


A música segue além, mas creio que o recado já tenha sido compreendido. Na foto, uma imagem crucial dum filme do erudito ‘queer’ Todd Haynes. Porque é nisso que tenho que me concentrar daqui por diante: erudição! Quem nos mandou amar errado, Antony?

Wesley PC>

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