Juro que aconteceu assim!
Subi na linha São Cristóvão/Zona Oeste. Mal o ônibus sai do Terminal de Integração do Campus, um daqueles pedintes começa a contar sua estória sofrida: “sou alagoano, vim com meus filhos para Sergipe buscar emprego. Estou dormindo nas ruas. Não consegui arrumar vaga num albergue porque roubaram minha bolsa, com os documentos dentro. Queria um dinheirinho para alugar um barraco. Qualquer quantia que vocês puderem dar, serve. Deus tá vendo. 10 centavos, 20 centavos, 1 Real. Deus abençoe todos vocês, etc., etc..”. As pessoas se mobilizaram, deram dinheiro pro jovem, que se lamentava: “sei que é vergonhoso vir até aqui e atrapalhar a viagem de vocês, mas antes passar vergonha do que tomar o que é dos outros”. Quando chega ao final do ônibus, um mórmon levanta-se para depositar algumas moedas na mão do pedinte e passa pelo menos 5 minutos repetindo um sermão religioso, com sotaque norte-americano muito carregado: “não pense nas coisas de terra. Confia no Deus, que Deus t’ajuda. Deus é onipotente. Deus vê teu pesar. Deposita teu coração na Bíblia, Deus não desampara, etc. etc.”. Enquanto isso, o pedinte levantava o polegar e repetia, mecanicamente: “Amém, amém!”. De repente, os dois filhos do moço, de 6 ou 7 anos, mais ou menos, começam a cantar: “meus guerreiros de fé, quero ouvir, quero ouvir/ Meus guerreiros de fé, quero ouvir, irmão/ Programado pra morrer, nós é, Certo é, certo é crê no que der”...
Assim é a vida real. Dá-lhe Racionais MC’s!
Wesley PC>
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