segunda-feira, 2 de março de 2009

“NÃO FORAM OS AVIÕES. FOI A BELA QUE MATOU A FERA!”


Acabo de ouvir esta frase ao ver “King Kong” (2005, de Peter Jackson) na tv aberta. Achei o filme absolutamente odiável. Não somente por ser uma regravação (algo que considero completamente abominável), mas por gastar um precioso tempo de nossa atenção com uma acumulação de perigos que sabemos ser superável pelos protagonistas. Nesse sentido, a pletora de dinossauros, insetos gigantes, monstros marinhos e demais abominações da natureza que aparecem na primeira metade do filme simplesmente me convidou a não prestar atenção ao que estava acontecendo com os personagens. Insistindo num respeito comparativo, porém, com as versões de Merian C. Cooper & Ernest B. Schoedsack (1933) e John Guillermin (1976), vi o filme até o final. Não me arrependi!

Por mais que tenha detestado o filme, não pude deixar de submeter-me emotivamente à beleza extrema daquela seqüência em que o gorila gigante do título desliza por um lago congelado com sua amada loira (vivida pela bela Naomi Watts) em mãos. É um amor platônico entre o gorila e a mulher, um amor que já fez parte das outras duas versões do filme, mas que, aqui, é levado a conseqüências mais demoradas. A meia hora final do filme é extraordinária, quase redimindo a ojeriza e a previsibilidade do restante do roteiro. Não sei se foi pura identificação, se foi pura catarse, mas não pude conter certo ímpeto lacrimal quando aquele primata imenso é cravejado por balas, enquanto observa o olhar impotente da criatura dimensionalmente inferior por quem se apaixonara. Ele morre, desde o começo do filme que sabemos disso, mas... A que preço!

O filme é um lixo, mas o desfecho me fez lembrar por que já cheguei a admirar o Peter Jackson num momento áureo de minha vida... De quem é a culpa? Não sei, mas são filmes como estes que me fazem pensar que seria plenamente capaz de um suicídio chantagista...

Wesley PC>

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