terça-feira, 17 de março de 2009

LADAINHA MASOQUISTA DE TERÇA-FEIRA – PARTE I:


Desde que eu era uma criança com um mínimo de conhecimento sexual (5 anos de idade, para ser preciso), imaginava-me com uma doença terminal no futuro, a fim de que, assim, eu visse nu quem eu quisesse, através da chantagem emocional. Como os boatos acerca da AIDS foram contemporâneos à descoberta de minhas práticas sexuais, não foi difícil unir uma idéia fixa a uma possibilidade recorrente. Se um dia eu estivesse com o HIV, pensava que não me preocuparia tanto: afinal, eu podia tirar a roupa de quem eu quisesse (risinhos sarcásticos).

Hoje em dia, com 28 anos de idade, não tomo mais este fascínio patológico nudista como prioridade. Por mais que eu sucumba às chantagens emocionais inevitáveis vez por outra e admita que sinto-me atraído por pessoas doentes, prefiro ver as pessoas nuas quando elas querem mostrar-se assim voluntariamente (ou quando elas se banham em locais fechados com brechas debaixo das portas). Mas, ainda assim, não pude me esquivar de um pesadelo terrível na madrugada de hoje, que ecoou diretamente com estes desejos psicóticos de infância. Explicação:

Por causa da hemorragia fecal contínua de meu cãozinho Almodóvar, estou dormindo sob uma capa plástica, visto que o bicho de estimação insiste em dormir ao meu lado, na mesma cama, e não me sinto apto a negar os desejos de um amado moribundo. Como choveu um pouco nesta madrugada, a tal capa plástica resfriou acima do normal e causou uma forte sensação de dormência em minhas pernas. Meu subconsciente projetou estas informações acerca da sensibilidade modificada de meus membros num sonho em que eu tinha ambas as pernas amputadas. Despertei apavorado às 2h da amanhã, não sentia minhas pernas. Estava apavorado e não tinha ninguém que eu desejasse ver nu perto de mim. Deitei-me na cama de minha mãe, trêmulo. Ela disse que eu estava febril, eu tremia, continuava sem sentir as minhas pernas, que ela massageava. Senti medo. Dormi assim mesmo...

Acordei hoje de manhã, com as pernas ainda pouco sensíveis (meu subconsciente é poderoso!). Desejava ver um filme do William Wyler chamado “Os Melhores Anos de Nossas Vidas” (1946), sobre rapazes que voltam da II Guerra Mundial traumatizados, um deles sem uma das mãos. Não encontrei o filme. Voltei a sentir minhas pernas. Menos mal...

Wesley PC>

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