sábado, 28 de março de 2009

“FRUSTRAÇÃO: MÁQUINA DE FAZER VILÃO” – parte III: SÍNTESE

Acho que já relatei este trauma aqui, mas, pela relevância eterna em minha vida sexual, conto novamente:

Num dia de carnaval qualquer, em 1988, quando eu tinha graciosos 7 anos de idade e já me orgulhava de conhecer as práticas sexuais há pelo menos 2 anos, os homens da rua em que moro vestiram-se de mulher e saíram cantando e dançando e bebendo pelo conjunto. Visitaram a casa de alguns travestis e trouxeram aqui para a rua, onde disfarçaram a homofobia festiva e empurraram cachaça na garganta da bicha louca, que se embriagou e começou a chorar copiosamente, enquanto narrava todas as opressões e frustrações que sofrera desde que se assumira como homossexual. Lamentava que não possuía ovários (logo, jamais poderia parir uma criança), contara que atava suas pregas anais com cola rápida, a fim de que fingisse ser ainda “virgem por trás” e narrou infinitas surras perpetradas por parentes, vizinhos e desconhecidos. Enquanto criança consciente de que um dia eu teria que “dar o cu de verdade”, prestava atenção silenciosa e temida àquelas palavras e lágrimas. Temia por mim mesmo, por minha saúde, por minha sanidade. Jurei silenciosamente que jamais praticaria sexo penetrativo em minha vida, ali mesmo, diante de todas aquelas pessoas alcoolizadas.

O tempo passou, minhas motivações modificaram, mas o trauma permaneceu. Quando um vizinho trouxe um CD regravável aqui para casa, a fim de que eu lhe gravasse um filme ‘pop’, encontrei a fotografia que hoje publico, de alguns meninos bêbados vestidos de mulher, em mais uma destas execráveis manifestações preconceituosas carnavalescas. Todos eles zombaram ‘ad extremis’ dos homossexuais quando repetiram verbalmente o evento desenrolado na foto, mas um deles em particular parece esquecer-se que, mais ou menos duas vezes por semana, ejacula voluntariamente em minha boca, o que não só o caracteriza como financiador homoerótico como atesta a sua hipocrisia moral. Como diria o perfeito ser lancinado pelo mercado de trabalho Rafael Maurício Silva, ao parafrasear uma das geniais constatações dos personagens de David Lynch, “este mundo é mesmo muito estranho”!

Wesley PC>

Um comentário:

A. Everton Rocha disse...

Eu gosto de travestis, tenho muita vontade de conversar com elas, são seres muito diferentes de mim, elas são risonhas e tem momentos melancólicos, trágico e torpe é sua áurea. Na maioria das vezes seu léxico é indecente e sempre quis ser indecente.