quinta-feira, 12 de março de 2009

EU SOBREVIVI À SETRANSP. LACERADO, MAS SOBREVIVI!


Enquanto a coletividade não decide o melhor dia para ir recadastrar a bendita carteirinha de passe da SETRANSP, dei-me uma doida e fui em direção ao referido local na manhã de hoje. Cheguei às 10h20’ no referido local. Fila? Não, um amontoado insalubre de gente. Peguei a senha nº. 342. Ainda estavam chamando o número 970, de maneira que zeraria o contador de senhas após 999. Conclusão: haviam 371 pessoas á minha frente!

Como já havia me programado para passar pelo menos 4 horas na fila, levei comida, músicas e livro. Engoli um pacote de biscoitos recheados de limão, enquanto li os relatos minuciosos de cinco dias das libertinagens sadeanas. 45 páginas, para ser exato. Nos ouvidos, canções do terceiro álbum lançado de uma famosa banda brasiliense. Repeti uma mesma canção várias e várias vezes.

De repente, lá pelas 12h25’, um estudante de Direito da UFS, que me reconhecera de quando trabalhei no DAA, encontra uma senha no chão e me entrega. Nº. 217. Ainda estavam chamando o nº. 160! Aceitei. “Obrigado”, disse, um tanto envergonhado. Continuei a ler o livro. Quando chamaram o número de que agora disponha, recebo uma nova senha, vou para um novo amontoado insalubre de gente. Faltavam 50 números para eu ser atendido. Li mais um pouco do livro, fiquei chocado ao perceber que, num guichê, a funcionária, ao invés de atender às pessoas, brincava com as gravuras de ursinhos de pelúcia em seu computador. Sentei-me, após algum tempo. Fecho o livro, abaixo a cabeça, e volto a ouvir “Angra dos Reis”. Aquelas palavras afligiam minha alma como se fosse um chicote de aço quente em minhas pupilas. Sofria, mas vivia – e esperava.

De repente, alguém toca em meu ombro. Era Sheyla Silveira, ex-namorada de André Sérgio, que conversava alto (mas não tão alto), como de praxe. Foi divertido encontrá-la, falar sobre amores e problemas e sexo e incompreensões e coisa do gênero. Quando faltavam apenas 4 números para eu ser atendido, fui ao banheiro pela segunda vez em menos de 30 minutos (poliúria imaginária). Creio que forcei demais a uretra, paranóica e desnecessariamente, de maneira que alguns glóbulos fecais dirigiram-se aos limites externos de minhas mucosas anais, na zona que o Marquês de Sade chamaria de “olho do cu”. Precisei arriar as calças e me limpar com o papel-toalha disponível. Temia que minha vez chegasse. Corri!

Por sorte, ainda faltava uma senha para que eu fosse atendido. Despedi-me de Sheyla e caí justamente no guichê da funcionária que se divertia com as gravuras de ursos. Fui simpático, estava chateado, mais de três horas na fila – e isto graças a um favor de um desconhecido. O processo foi rápido. Nem 5 minutos e eu estava liberado para ir para casa.

Chateado, faminto, com um celular em minhas mãos e crédito disponível para enviar mensagens apaixonadas, sofridas, humanas. Assim fiz. Às 14h15’, sentei-me em frente ao computador, digitando estas palavras, enquanto minha mãe punha colheres de comida em minha boca. Sobrevivi?

Wesley PC>

2 comentários:

Unknown disse...

tá foda a coisa lá né. Eu vou sábado mesmo ver o q rola.

Annita! disse...

vc e capaz de sobreviver a coisas bem mais necessárias do que a uma fila...acredite!
e avance nesta fase...
comida na boca!aia ia