segunda-feira, 9 de março de 2009

ENTRE A PIMBICE E A FALTA IDEALIZADA DE AFETO – Parte II: ‘não estou vendo nenhum adulto aqui’...


“As regras são os blocos de composição da diversão”

Tal adágio, atribuído ao dançarino letão Mikhail Baryshnikov, é repetido várias vezes em “Grande Menina, Pequena Mulher” (2003), filme dirigido por Boaz Yakin, responsável também por um elogiado filme de estréia, o anti-racista “Fresh” (1994). Noutro contexto, seria absolutamente desprovida de sentido a inserção do nome deste mecânico hollywoodiano nesta reflexão sobre o porquê de o sobejo do tema Amor me parecer incômodo, mas não, não é! A similaridade temática que, nestes momentos, parece unir pessoas absolutamente distintas como o citado Boaz Yakin e François Truffaut, por exemplo, é um dos estratagemas comerciais bem-sucedidos que mais me apavoram, que mais me fazem perceber como extremamente suscetível às agruras capitalistas que penso combater em meus pequenos gestos. Acabo de ver o filme mostrado em foto e, para minha surpresa, achei-o deveras simpático. Arriscaria até dizer que gostei, gostei muito. Culpa da identificação, culpa de uma cena tola e crível, na qual, depois de ser rejeitada pelo moço por quem nutria uma paixonite, a personagem de Brittany Murphy caminha pelas ruas, chorosa, e tudo o que vê são casais se abraçando, se beijando... Sobe numa ponte e se joga num rio, pretendendo matar-se, mas tudo o que consegue é uma infecção: o rio em pauta era raso e poluído!

Creio que muitas pessoas já passaram pela mesma angústia tola vivida pela protagonista, que, sabemos de antemão, dará a volta por cima na hora certa, mas... Sentindo na pele, pensamentos confusos, “desejo pegando fogo”, a racionalidade se submete aos caprichos da vitimização. Terminei gostando do filme, mas não por causa disso, não só por causa disso: os movimentos de câmera eram muito interessantes, a atuação da pequena Dakota Fanning é extraordinária como de costume e o ímpeto sobrevivencial-trabalhista que a protagonista precisa adotar depois que tem sua fortuna roubada tem muito a ver com esta minha necessidade urgente de encontrar um subemprego. Por mais que seja urgente, este ímpeto é volta e meia substituído pelas lamentações de um amor impossível. Não é isso o que mais importa?

Wesley PC>

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu adoro esse filme também. A Brittany e a Dakota são um achado.
Sucesso pra o blog.