sábado, 21 de março de 2009

CADA COISA QUE ME APARECE...


Olha só, que engraçado: estava eu tentando me convencer de que realmente não estava com vontade de ir para a Calourada Unificada que estava se dando na UFS (o que era verdade!) e, depois de repetir indefinidamente a canção do The Gathering citada anteriormente, vasculhei os filmes ainda não-vistos em minha casa e deparei-me com a produção alemã “A Camisinha Assassina” (1996, de Martin Walz). Parecia um simples filme tosco, inofensivo. Talvez fosse do que seu estivesse precisando, já que me sentia feliz (e “felicidade não é algo alegre”, já dizia o também alemão Max Ophüls).

Trama do filme: um detetive siciliano e homossexual, com 32 centímetros de pênis, resolve investigar que estranho fenômeno está acontecendo num bordel nova-iorquino, em que homens costumam ser frequentemente castrados em atos sexuais. Lá chegando, com intuitos largamente profissionais, encontra um belo gigolô e um travesti policialesco. O segundo clama pelo amor do detetive, alegando que se veste de mulher depois que começou a fazer terapia e percebeu que deveria ser a mãe de alguém, ao passo que o primeiro (muito jovem e bonito, por sinal) apenas queda calado, esperando a hora de cumprir seu papel erótico. Quando exibe seu imenso órgão sexual, o detetive é atacado por um preservativo com dentes, que devora seu testículo direito. Daí por diante, não descansará até que descubra os intuitos dos fazedores desta linhagem de camisinhas assassinas, que ele descobre serem artificiais, um misto de borracha com genes de platelmintos, águas-vivas e piranhas. Não vou revelar o final, mas adianto que tem a ver com a condenação da Igreja ao sexo não-reprodutivo. Frase bíblica utilizada como defesa do detetive: “quem nunca pecou que atire a primeira pedra”!

Fiquei perplexo, chocado. Esperava me deparar com um filme bobo, descerebrado, apenas cômico. Ao final, sou espancado por um bonito discurso contra a homofobia, atingido por um libelo emocionante em defesa do amor livre, em prol das pessoas que se amam a qualquer custo. Fiquei igualmente contente ao perceber o nome do gênio perverso Jörg Buttgereit nos créditos (como consultor de efeitos especiais) e, com este filme, quase esqueci (ou melhor, ressignifiquei) o pesadelo que tive nesta madrugada, no qual o fantasma de um amigo tesudo e falecido reclamava que eu não prestava tanta atenção mnemônica nele quanto eu deveria. Pensei nele, portanto. Não deu outra, liguei o rádio e executei “I Fell in Love With a Dead Boy”, de Antony and the Johnsons”, várias e várias vezes em seguida:

“Agora eu vou contar para todos os meus amigos:
Eu me apaixonei por um garoto morto
(...)
Oh, que belo garoto!”


Wesley PC>

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