terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

TALVEZ A CULPA NÃO SEJA SÓ MINHA, AFINAL...


[ADVERTÊNCIA: este será mais um largo texto lamentoso sobre minha relação problemática com Marcos Vicente. Quem não suportar mais ouvir/ler sobre este assunto, que volte daqui mesmo. Prometo escrever sobre algo coletivamente interessante mais tarde. Obrigado!]

Aos 13 anos de idade, vi “Lua de Fel” (1992, de Roman Polanski) pela primeira vez. Nesta época, eu era um fanático católico e tentava a todo custo esquivar-me de meus vícios sexuais adquiridos na infância. Crente de que era um pecado mortal “pecar contra a castidade”, evitava pôr em prática as atitudes eróticas envolvendo outras pessoas que me acostumei a vivenciar desde que tinha 5 anos – a não ser quando os amigos de meu irmão chantageavam-me: “se tu não fizeres safadeza comigo agora, conto tudinho para Rômulo”. Minha sorte era essa: graças a estes favores sexuais forçados, não perdi a prática, ainda hoje sei fazer um boquete compensatório de todas as minhas invirtudes...

Voltando ao filme: vendo-o, soube de cara que era a “definitiva estória de minha vida”, ao menos no plano sexual. Sei que vivo falando isso de tudo quanto é filme, mas, para quem me conhece e já viu este clássico sexual do Roman Polanski, não há dúvidas: o tipo de amor que sinto é tão verdadeiro e destrutivo quanto aquele mostrado no filme. Não tenho limites, não vejo obstáculos, não penso em voltar atrás. Se comecei, somente a morte me pára – e olha lá!

Onde Marcos entra na história? Vamos lá: como todos sabem, ele não faz o tipo de menino por quem me apaixone. Sempre preferi meninos de pele quase transparente, brancos de dar nojo, com o único requisito de que sejam infantilizados. Abobalhado, Marcos é, mas não satisfazia meu padrão melanínico. Por mais que ele seja um verdadeiro colosso erotógeno (que corpo, meu Deus, que corpo!), isto nunca me foi prioridade, portanto, desdenhava de seu charme natural hiperbólico. Até que, um dia, numa reunião de Diretório Acadêmico, no meio de uma discussão, ele retrucou com Cleidson Carlos que, sempre que marcavam qualquer reunião, ele era o único a chegar cedo, o único a prezar pela pontualidade. Disse Cleidson: “não sei por que marcam 8 horas. Ninguém chega no horário mesmo...”. Marcos ergueu sua voz fina e cativante e disse: “eu chego!”. Foi o suficiente”! neste momento, ouvi sinos esquisitos, ouvi músicas estranhas, fui tomado por um fulgor quase psicodélico: ali eu passei a amar este menino, violentamente, irrestritamente, patologicamente, verdadeiramente, acima de tudo!

Conhecendo o comportamento arredio de Marcão, não é difícil imaginar como ele passou a me tratar depois disso: com toda a repulsa possível, com todo o nojo e violência verbal a que ele tinha acesso, mas, admito, talvez ele só estivesse agindo defensivamente, visto que sou mesmo muito insistente. Grudo mesmo! Nessa época, agosto de 2007, deitei-me no colo de Rafael Maurício e ouvi-o contar estórias sobre sua família, deixar escapar alguns lapsos de tristeza em meio a sua chapação contínua. Confundi-me: “será que eu não lucraria mais por este garoto, muito mais tolerante e extraordinariamente bonito?”. Repito: confundi-me! Rafael Maurício é um excelente amigo e, por mais que eu exagerasse em certos zelos cobiçosos, ele sempre me tratava como pessoa, me entendia. Deixava que eu tocasse em qualquer parte de seu corpo (salvo na genitália, óbvio!), mas deixava claro quais eram os limites, reprimia meus abusos com cautela e tolerância sobrevalentes. Mas era Marcos que eu queria, é Marcos que eu quero!

Com o passar do tempo (no final do ano passado, para ser preciso), entendi o que Rafael Maurício representava para mim, saquei que o amo de verdade também, mas a relação é outra: amo-o como a um irmão, com o qual daria um braço para cometer incesto, mas... um irmão! Alguém com quem eu posso contar e com quem posso conversar sem nenhum prejuízo de minha suposta inteligência...

Voltando a Marcos: brigávamos cada vez mais. Ou melhor, ele brigava comigo e eu continuava a persegui-lo irrestritamente. No começo deste ano, chegamos às vias de fato e quase nos esmurramos na comemoração do aniversário de meu amigo Rafael Coelho. Aliás, ele ameaçou me esmurrar. Eu ameacei abraçá-lo. Quase a mesma coisa, não é?

Percebi, então, que a minha obsessão por ele chegou a níveis preocupantes: tinja que evitá-lo, a fim de que não nos destruíssemos mutuamente. Porém, um clima muito ruim se hospedou em Gomorra: parecia que fazíamos parte de torcidas concorrentes, que pressionávamos pessoas a tomarem partidos por um dos dois lados. Ferreirinha, inclusive, veio me dar o maior sermão, dizendo que eu não mereceria mais a torcida dele, que eu passei dos limites, que se as coisas continuassem como estavam, deixaríamos de ser amigos... Ok, quando Marcos estava presente, eu me escondia, eu me virava de lado. Eu sofria!

Até que, naquele sábado em Pirambu, Marcos me puxou para o canto e falou o que precisava falar. Falou que desejava reconciliar-se comigo, pois fora criado numa ambiente evangélico, sendo, portanto, proibido de sentir ou demonstrar ódio pelas pessoas. Exultei de felicidade! Ele perguntou se eu também queria dizer algo, mas não estava preparado para tal. Havia ensaiado mil e uma formas de evitá-lo e não tive como fazer isso no dia. Ao invés, divertimo-nos como se nada tivesse acontecido antes, como se estivéssemos a nos conhecer ali mesmo... De manhã, inclusive, na praia, ele chegou a ajeitar seu pênis na sunga branca em minha frente, vi pedaços daquele belo órgão sexual que tanto cobiço, visto que, pela primeira vez em toda a minha vida, apaixono-me por alguém por quem também, sinto atração sexual! Antigamente, quando em apaixonava, escrevia: “te amo da cintura para cima!”. Com Marcos não. Tudo vale!

Chegando em casa, crente de que Marcos voltara a falar comigo normalmente, iludido e feliz que eu estava, tadinho, liguei o computador: mas os bloqueios no Orkut e MSN continuavam! Tentei ligar para ele, mas, como sempre, o menino não atende as minhas ligações. Insisti no Orkut e ele me atendeu. Disse que precisava conversar com ele, apresentar meu lado da estória e ele aparentemente consentiu. Marcamos um encontro na segunda-feira, mas ele precisou desmarcar. Marcamos outro nesta terça-feira, hoje, e eu agarrei-me a esta promessa como um leproso diante de um copo de água benta. Passei a noite imaginando o que dizer para ele. Arranjei três presentes, como forma de pedir perdão por tudo o que eu não consigo deixar de sentir por ele: uma caixa de bombons de chocolate, pois sei que ele gosta; o filem “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005, de Ang Lee), outra de minhas alobiografias emocionais; e o livro “O Cortiço” (1890, de Aluísio Azevedo), que acabei de ler e que tem tudo a ver com a agonia passional que me aflige agora. Planejava entregar-lhe os presentes, despedir-me e pronto. Mas, então, recebo um telefonema: “Wesley, não vou poder ir, estou arrumando o quarto”. Como estava conversando com Rafael Maurício, com quem acabara de encontrar, e não processei bem a informação. Dei de ombros e fui a casa de meu amigo-muso, conversar sobre coisas simples, ser alguém...

Feito, pus mais R$ 12,00 no celular e liguei novamente para Marcos, que não atendeu. Insisti, já me desesperando, precisava falar com ele antes de viajar (por sua causa, aliás) e ele não atendeu, desligou o celular. Insisti mais 15.000 vezes, mandei mensagens, insisti mais um pouco e... nada! Marcos não quer conversa comigo! Por mais que, dessa vez, eu estivesse disposto a negociar com ele sobre minha retratação: “estou errado”, cria, “faço o que tu quiseres, Marcos”. Mas ele não quer acordo! Quer posar de reconciliador e continua a me bloquear... Ok, ok, entendi o jogo! Mas, infelizmente, não consigo entender sem agir – e quem viu o filme sabe do que estou falando...

Não é uma ameaça, é uma confissão: estou com medo! Marcos monopoliza todos os meus pensamentos e supostas atitudes planejadas! É para ele que me volto agora, é com ele que preciso falar, é ele quem me cega! Por causa dele (mas não só por isso, óbvio), parto hoje. Mas vou voltar – e, suplico a clemência de todos os amigos que se dispuseram a ler este texto até o fim, porque, digo: estarei descontrolado. Fiquem sem falar comigo quem quiser, mande me internar quem achar que sou uma ameaça, converse comigo e me entenda, quem é meu amigo. Amo obcecadamente, vivo em função disso e, repito: sozinho, não sei lidar com este problema!

Wesely PC>

Um comentário:

Unknown disse...

li sim o texto todo.

Rapaz, tenha uma boa viagem à terra da Ave Sangria.