segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

PREVISÍVEL E, AINDA ASSIM, GENIAL!


Poucas coisas me incomodam tanto quanto estar com sono diante de um bom filme. Principalmente, quanto o mesmo é tão complexo quanto “Cada um Vive como Quer” (1970), dirigido por Bob Rafelson e protagonizado por seu ator-fetiche Jack Nicholson. O filme é considerado um clássico da contracultura por causa de sua trama de rejeição burguesa, em que um pianista-prodígio rejeita a sua família riquíssima e vai trabalhar como operário numa refinaria, ao passo que alimenta uma estranha relação amorosa e mal-humorada com uma simples e bem-intencionada garçonete (vivida por Karen Black). Os diálogos são de uma intelectualidade forçosa, que somente os fãs da literatura kafkaniana, os simpatizantes de Charles Bukowski, os amantes do cinema de Hal Ashby e os apreciadores simultâneos de peças clássicas de Frederic Chopin, Johann Sebastian Bach e música ‘country’ norte-americana podem apreciar a contento. Ainda assim, suportei o sono e todo o existencialismo exasperado do roteiro e vi o filme até o final, identificando-me deveras com tudo o que vivencio aqui no ambiente refinado das famílias abastadas de Pernambuco (em que receber 12 salários mínimos + R$ 6.000 por mês é suficiente para reclamar de uma suposta situação de pobreza!) e prevendo o desfecho desde o primeiro segundo inteligível de filme. Não tem outra: quem se auto-reflete termina como o protagonista do filme. Por isso, eu dedico-o ao meu amigo Rafael Coelho e prometo que vou buscá-lo, a fim de que assistamos juntos, caso um de nós ainda exista neste mundo crescente de horrores e subsunções...

Beijo a todos de Gomorra... e, não adianta: não sei escrever textos que não sejam pessoais!

Wesley PC>

3 comentários:

Unknown disse...

não adianta mesmo, melhor assim, por mim tudo bem!

Pseudokane3 disse...

Ufa, Ufa!

Charlisson, tu me fizeste respirar agora (hehehe)

WPC>

Gomorra disse...

"Os diálogos são de uma intelectualidade forçosa, que somente os fãs da literatura kafkaniana, os simpatizantes de Charles Bukowski, os amantes do cinema de Hal Ashby e os apreciadores simultâneos de peças clássicas de Frederic Chopin, Johann Sebastian Bach e música ‘country’ norte-americana podem apreciar a contento"

São tão poucas pessoas assim? ^^ hohoho

feop