sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

QUEM MANDOU EU MEXER COM FOGO?


Já dizia a sabedoria popular de minha infância: “quem brinca com fogo, mija na cama”! Já dizia a psicologia neo-freudiana: a enurese, a tendência a mijar na cama durante o sono, surge como uma metáfora corporal para a inaceitação de algum aspecto sexual básico do indivíduo, quiçá resolvido com a masturbação. Tomei banho sentindo uma tristeza tão grande hoje (e inexplicável) que preferia ter mijado na cama...

Anamnese: comi lasanha com amigos, revi um filme hilário do Woody Allen, gargalhei alto quando derramei pó de café no chão de Gomorra. Onde estará o erro? Onde está o motivo de minha agonia? (“Eu Sei”, nome de uma canção composta pelo Renato Russo)

Revi o inteligentíssimo e ainda subestimado filme “Apocalypto” (2006, de Mel Gibson) na noite de ontem e, para além de toda aquela enxurrada de violência, há um discurso veemente, há um protesto ambíguo contra esta sedução carnal pela dor e pelo instinto, que faz com que nos comprazamos em retirar cabeças de formigas a fim de suturar uma ferida. Nunca fiz isso (e nem posso fazer, em virtude de meu doutrinamento anti-especista), mas senti na pele tal intromissão egóica. Vim trabalhar me sentindo muito mal, portanto. Até fui apresentado a uma canção maravilhosa, que acabou de vez com a possibilidade de uma tarde feliz: “Saturnine”, da banda gótica holandesa The Gathering:

“The day you went away
You had to screw me over
I guess you didn't know
all the stuff you left me with
is way too much to handle
But I guess you don't care”


Diz a vocalista: “enquanto sussurrava estas palavras, eu chorei feito um bebê”. Faço minhas as palavras dela. Ele esteve lá... Para quê?

Wesley PC>

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