domingo, 25 de janeiro de 2009

MÚSICA TRISTE PARA SE OUVIR QUANDO ESTÁ FELIZ...


É isso o que acho da Joni Mitchell, artista canadense que não conhecia até trabalhar no mesmo local que o fiel Rafael Torres. Foi ele, inclusive, quem baixou e me deu de presente o álbum que ouço agora, “Blue”, de 1971, que, apesar de ser irremediavelmente triste, traz em seu bojo aquela sensação de “eu já passei por isso, eu sobrevivi!”. Assim é na maravilhosa canção de abertura, “All I Want”, a qual não deixo de dançar imitando os gestos com as palmas das mãos abertas, conforme feito caracteristicamente pelo mais sublime dos baianos...

“All I really really want our love to do
Is to bring out the best in me and in you too
All I really really want our love to do
Is to bring out the best in me and in you
I want to talk to you, I want to shampoo you
I want to renew you again and again”


Ou seja, antes de desejar lavar o cabelo de seu amado, a instância narrativa da canção quer trazer o melhor de si mesma nele, quer renová-lo sempre e sempre... Que nem eu quero também! Aliás, esta canção é a única em que – com exceção da faixa 04 do álbum “Homogenic” (1998), da Björk – eu tenha visto alguém conjugar o verbo “unravel” (desemaranhar) até agora... E, no caso, ela fala de ciúme, algo que, felizmente eu não tenho, salvo no caso de filmes pornográficos sem enredo (risos).

O disco segue com a compositora pronunciando em falsete os versos de “My Old Man”, em que ela descreve as características do homem maduro que venera, ao que ela conclui num refrão: “Ele é o meu raio de sol pela manhã/ Ele é meu fogo de artifício no final do dia/ Ele é o mais cálido acorde musical que já ouvi”... Ele também!

Na faixa-título, ela diz que, ao dar uma olhada em volta, não importa o que os outros digam, ela ama alguém chamado de “você”. Se fosse eu cantando esta canção em português, tacaria um “tu” no refrão... e concordaria com esta bela artista em canções comoventes como “This Flight Tonight”, “River” e “A Case of You”...

...Até chegar em “The Last Time I Saw Richard”, razão implícita deste meu texto, já que Renato Russo e seus companheiros interpretam esta canção no “Acústico MTV – Legião Urbana”, o que, penso eu, atingirá alguém, dado que, ao final desta canção sobre um homem triste que escolhe viver e morrer triste, a Joni Mitchell assevera: depois que o Richard se casou, todas as luzes de sua residência são deixadas acesas. Pelo jeito, o Renato Russo também concordou com a melancolia voluntária do destino do biografado miserável...


“Eu irei apagar esta maldita vela
Eu não quero ninguém à minha mesa
Eu não quero conversar com ninguém
Todos os sonhadores passam por isto algum dia...
Escondendo-se atrás de garrafas em cafeterias escuras
Cafés escuros
Somente um casulo escuro onde eu possa conseguir minhas maravilhosas asas
E voar...
É somente uma fase, esta das cafeterias escuras”


Será mesmo?
Wesley PC>

Nenhum comentário: