sábado, 31 de janeiro de 2009

DESLOCAMENTO (ato de deslocar-se ou percepção inadaptativa?)


“Dead Man” (1995), recomendadíssimo filme do existencialista Jim Jarmusch, é um filme que se encontrava em minha casa há tempos, mas nunca tinha tido a oportunidade ideal para vê-lo. Agora que meus musos hibernam em Pirambu, pensei que seria uma oportunidade ideal. Não me arrependi. O ideal de saudades do que não se viveu ainda, retratado platonicamente no filme, graças à homonímia do personagem principal com um célebre poeta e pintor do século XVIII, muito me cativou.

Do que se trata este filme, afinal de contas? Simples: Johnny Depp interpreta um escriturário de nome William Blake, que, depois do funeral de seus pais, vai em busca de um emprego noutra cidade, distante de onde vive. Lá chegando, descobre que o emprego já fora ocupado. Vaga em vão, até encontrar uma ex-prostituta que vende rosas de papel caída no chão. Acompanha-a até sua casa, até que ela é assassinada por um homem que jura amá-la eternamente. Ele mata o homem e foge, sendo acolhido por um índio rejeitado por sua tribo em virtude de sua mixagem sanguínea. O índio chama-se Ninguém. A trilha sonora é de Neil Young, cuja guitarra não pára de chorar. Acho que é o suficiente para perceber o quanto o filme, rodado num magnífico preto-e-branco, é brilhante!

A história de minha vida, pela enésima vez, uma jornada belíssima em busca de algo para se acreditar. Canta o índio: “mesmo que tivesses se casado 16 vezes, eu ainda te amaria”. Quem sou eu para dizer o contrário?

Wesley PC>

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