domingo, 21 de dezembro de 2008

PORQUE NÃO SOU O ÚNICO A SOFRER POR AMOR...


“Tu gentilmente fala as palavras,
libertando meu inteiro desejo
Completamente não-negado
(...)
Por debaixo de teu toque terno,
Meus sentidos não podem se dividir...
Oh, é tão forte o meu desejo!
(...)
Agora que eu te encontrei,
E posso ver através destes olhos,
Como eu posso continuar?

Porque é tão desprotegido o meu coração,
Eu não posso esconder
Aonde, então o meu coração pertence
Pertence, pertence, pertence...”


(“Undenied” – Portishead, livremente traduzido por mim)

Tenho poucos amigos homossexuais. Não chegam a 15, se eu contar direito e, com exceção de um deles, nossos assuntos são predominantemente o mesmo: homens. Problemas com homens, fantasias com homens, desejos não-realizados com homens, coisas do gênero, o tempo inteiro. Afinal de contas, como bem dizia uma canção da banda cômica sergipana Please No!, “quem gosta de homem é viado, pois mulher só gosta de dinheiro e carro” (risos).

Sempre me incomodei com esta prioridade andromaníaca concedida ás minhas conversas com amigos ‘gays’, mas, analisando isso sob a luz do que vi na festa de ontem á noite, quando Ferreirinha declarava, aos prantos, o seu amor incorrespondido por Jailton Jr., que, igualmente sincero e choroso, apenas dizia que não podia atender aos seus clamores, que ele estava em seu coração, “mas não da mesma forma”, eu entendi o porque de falarmos tanto sobre este mesmo assunto obsedante e justifiquei o motivo: carências previsivelmente não saciadas são que nem as sinapses de um portador de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): não se completam, voltam e voltam e voltam e atormentam o seu hospedeiro por toda a eternidade... Sou mais um destes, portanto!

Lembro que, ao perceber que só aperto as mãos de pessoas por quem nutro sentimentos de cunho afetivo-sexual, João Paulo, o conquistador da “gostosa do Orkut” (risos), proporcionou-me os melhores momentos deste sábado à noite, fazendo-me sorrir bastante com uma idiossincrasia sobrevivencial que me acompanha desde que tinha 11 anos (conheci o sexo aos 5 – risos). Em dado momento da conversa, quando falava sobre a beleza dos elogios que eu destino incomedidamente ao “Perfeito”, ele lamentou: “pena que não é mútuo”...

Não é mútuo! Não é mútuo? Em meus quase 28 anos de vida, após 273.000 paixonites mal-resolvidas por meninos, meninas e animais de todas as espécies (risos), nunca recebi tanta atenção quanto esta que me é dada por Rafael Maurício, nunca obtive tanto respeito e atenção de alguém por quem nutro os mais violentos sentimentos possíveis, nunca fui tão bem-compreendido e “pago” em minha necessidade de interação responsiva. Nunca! Por estes e outros motivos, me sinto muito mais do que “saciado” em relação àquele guri e, se não paro de endeusá-lo, é porque o que eu sinto é infinito e só cresce e cresce a cada dia...

E, seu hoje eu comemoro por não precisar sentir inveja da maravilhosa compreensão etílica de Jailton Jr. em relação ao desespero amoroso do polêmico aniversariante Luiz Ferreira Neto, é porque já tive o egrégio orgulho de participar na vida real de um diálogo literalmente coadunado ao que me fez chorar no desfecho do brilhante filme cubano “Morango e Chocolate” (1993, de Juan Carlos Tabío & Tomás Gutierrez Aléa). Quem não viu o filme ainda que volte daqui:

Sentados na mesma sorveteria em que se conheceram, diz Diego, um homossexual apaixonado, a David, o seu grande objeto de desejo, um moço com quem ensinou e aprendeu a ser amigo: “tu és tão lindo. Teu único defeito é não ser ‘gay’”, ao que David simplesmente responde: “ninguém é perfeito”!

Obviamente, presenteei Rafael Maurício com este filme e, numa madrugada de inserções canhamiças qualquer, ele virou-se para mim e, no mesmo contexto, disse-me que “não era perfeito” (risos). Retruquei de imediato: “mesmo sem ser ‘gay’ que nem o moço do filme, caro Baiano, és tu perfeito, sim. O perfeito, para lhe ser mais franco”. E o resto da conversa foram sorrisos... É o preço que se paga, assevero, com um pouco de conformismo natalino!

”Now that I’ve found you
And seen behind those eyes,
How can I carry on?”


Wesley PC>

2 comentários:

Gomorra disse...

Pois é Wesley,é muito difícil conviver com a idéia de um amor não correspondido.Pior ainda sabendo que ele me entende...porém é melhor continuar assim do que tê-lo longe de mim...

Ferrerinha

Unknown disse...

Pô, Baiano me emprestou o filme, vou tentar ver hoje ou amanhã.