sábado, 22 de novembro de 2008
TALVEZ, “O MELHOR FILME DE/DA MINHA VIDA”!
Desde muito pequeno que sonhava em ver “A História de Adèle H.” (1975), obra máxima de François Truffaut, o “cineasta dos amores difíceis”, que são possíveis, que são mútuos, que são óbvios, mas que nunca se realizam, nunca se concretizam...
Em “A História de Adèle H.”, acompanhamos a personagem-título, filha legítima do grande escritor francês Victor Hugo, perseguir o tenente por quem é loucamente apaixonada. Ela é uma mulher jovem, rica, famosa, inteligente, culta, cheia de boas possibilidades de um futuro promissor, mas abandona tudo isso para seguí-lo, ao que ele retruca: “não admito este tipo de chantagem emocional sobre mim”. Rejeita o seu amor, mas aceita o seu dinheiro, alimentando as fantasias da louca...
Numa das cenas com a qual mais me identifiquei, ela pede: “mesmo que tu não me ames, deixe ao menos eu te amar”. Ele fica calado. Mesmo que ele dissesse não, ela assim o faria, ela o amaria indiscriminadamente, por mais que ela se dissesse extremamente obediente a toda e qualquer ordem que ele desse. Ela amava, logo mentia. Seriam verbos correlatos? Nos dolorosos romances truffautianos, sim!
Não é preciso dizer o porquê de eu ter gostado tanto deste filme. Vi-o duas vezes de ontem para hoje e não estou hesitando em revê-lo uma terceira vez o quanto antes. Não somente eu sou daquele jeito, como o narrador do filme faz questão de repetir que “a história é completamente real. Os personagens citados realmente existiram”, tudo o que foi mostrado foi retirado do diário (real) da personagem.
O que é interessante é que a obsessão sem fronteiras da personagem por um mesmo homem tornaria a mesma uma suicida em potencial. Ela enlouquece obviamente, mas, ao contrário do que seria facilmente imaginado, ela não morre. “Sobrevive a todos de sua família” e, doida, velha, ainda chorando por amor, morre em 1915, aos 85 anos de idade, obscurecida pelos impactos da I Guerra Mundial na França.
Fiquei obcecado pela história, fiquei pensando se eu acabarei que nem ela, fiquei imaginando tudo isso após a sessão, quando estava ouvindo e repetindo os versos da canção “De Mais Ninguém”, da Marisa Monte, e pensando em quem eu persigo, crente de que é somente assim que me dou ao luxo de amar:
“É o meu lençol, é o cobertor
É o que me aquece sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor,
Eu tenho a minha dor”
Wesley PC>
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