quinta-feira, 6 de novembro de 2008

“SABIA QUE PODEMOS SER FELIZES, EU, VOCÊ E A CIBERNÉTICA?”


Quando eu me sentei numa cadeira de cinema para assistir a “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura” (1967, de Roberto Farias), esperava muita coisa: esperava que o filme fosse deveras ingênuo, mas que refletisse bem o espírito de uma época obnubilada pela ditadura militar; esperava cantar em voz alta todas as canções do filme, visto que possuo um CD com a trilha sonora; esperava me divertir ao lado dos bons amigos que me acompanhavam na sessão...

Para além de minhas expectativas terem sido saciadas, surpreendi-me bastante com a psicodelia do filme, que, para além de ser ingênuo, é extremamente metalingüístico, uma reflexão perene sobre o que é um filme, de maneira que o personagem principal passa o tempo inteiro gritando que aquilo ali é um filme, ao passo em que perguntava o que fazer depois. Sempre que ligava para o diretor do filme (vivido pelo filho do diretor do filme na vida real, Reginaldo Faria), poderosas avaliações sobre as divergências de poder entre diretor e roteirista eram despejadas na tela. A partir daí, citações a Glauber Rocha, vilões pedindo para não morrer no final, câmeras subjetivas turístico-citadinas e até mesmo imagens espaciais pululam na tela. Conclusão: o filme é extraordinariamente bom!

Saí da sessão em transe, com os versos de canções como “Quando”, “De Que Vale Tudo Isso” e “Você Não Serve Prá Mim” latejando em minha cabeça. Depois de uma sessão de fotos nos espelhos de um banheiro, eu e meus amigos caminhamos pelas ruas aracajuanas, comemos pizza com café e, ao final da noite, ainda tive a permissão de conceder um abraço unidimensional na pessoa que hoje considero “a mais linda do mundo”. Tive um domingo feliz!

Por isso, repito, em meu coração, alguns versos pedintes:
“Quem me dera, meu bem, eu pudesse outra vez te abraçar/
E afastar para sempre a tristeza do meu coração/
[...] Eu estarei sempre a esperar/
Que um dia essa tristeza tenha fim”
(Roberto Carlos em “Você Deixou Alguém a Esperar”)

Wesley PC>

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