domingo, 16 de novembro de 2008

RECOMENDAÇÃO LITERÁRIA


Na Comunidade Gomorra, existe um tópico sugerindo que os participantes recomendem livros, músicas, filmes, peças de teatro, qualquer coisa que lhe despertem interesses e que possam agradar às pessoas que nos circundam. Eu próprio já fiz algumas recomendações lá (inclusive, algumas de caráter bastante pessoal), mas não podia falar de meu “pai literário” Jean Genet (1910-1986) sem escrever uma apaixonada indicação particular.

Quem me conhece ou não, sabe que amo demais e que possuo um diário, onde registro todas as minhas angústias e paixões. A obra mais famosa de Jean Genet chama-se precisamente “Diário de um Ladrão”, na qual ele relata a extrema ciranda de amores e crimes que balizou sua vida inteira, ciranda esta que seus detratores repudiam por crerem que a mesma impõe um estilo demasiado repetitivo a seus livros, todos obras-primas, em minha opinião. Recentemente, li “O Milagre da Rosa”, que ele escreveu em 1943, e, sinceramente, posso emprestar a minha cópia a quem quiser, de maneira que assim possa ser entendível porque envio tantas mensagens apaixonadas a quem amo – da mesma forma que possa ser ainda mais compreensível por que falo no plural quando me refiro a quem amo. Afinal de contas, amor é plural!

A fim de justificar a minha tese, uma tese que vivencio diariamente – na pele, cérebro e ações –, prefiro usar não as santificadoras palavras do Jean Genet (que já acompanharam fotografias de Rafael Maurício, aqui mesmo, neste ‘blog’), mas uma das brilhantes conclusões do filófoso/sociólogo Terry Eagleton em “A Ideologia da Estética” (1990):

“O exemplo mais completo de auto-satisfação livre e recíproca é aquele que se conhece tradicionalmente como o amor; e muitos indivíduos, na dimensão de sua vida pessoal, não terão dúvida em dizer que este representa o valor humano mais alto. A questão é que eles não vêem a necessidade, o meio ou a possibilidade de estender esse valor a toda uma forma de vida social. (...) Reconhecer alguém como um sujeito é colocar a ele ou ela no mesmo plano hierárquico que a si mesmo, e reconhecer sua alteridade e autonomia” (pp 298-299 da edição da Jorge Zahar Editora).

Marcos Vicente, Juliana Aguiar e Luiz Ferreira Neto, dedico este texto confessional a vocês três.

Porque sou indigno de merecer o perdão por um crime do qual orgulho-me tanto de ser culpado: sou um ser que ama!
Wesley PC>

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