domingo, 23 de novembro de 2008

POESIA COTIDIANA


Nunca fui muito bom em escrever poesia. Sempre tive um fascínio sobrelevado pelo estilo prosaico de escrita. Isto, porém, não elimina a poesia de minha via. Cada vez mais e mais, são os pequenos momentos do dia-a-dia que se revelam plenos de magia, daquilo que os fenomenólogos apelidaram de “epifania”. Cada pequeno movimento de Rafael Maurício, cada observação escrita de Charlisson de Andrade sobre seus devaneios etílicos, cada madrugada que Eliane Charnoski fica debaixo de uma arvore, esperando seu namorado chegar... Tudo isso é poesia!

E é por estar viciado neste tipo muito conveniente de poesia, que nem sequer se revela como tal, que estou me viciando no que alguns teóricos chamam de “cinema primitivos”, ou seja, obras de pequena duração, produzidas antes de 1915, quando o protestante David Wark Griffith produziu o seu magno afresco racista sobre o esperado surgimento da Ku Klux Klan.

Mas isto é outra estória: quero aqui elogiar a beleza de “Feeding the Doves” (1896), preciosidade dirigida e produzida por Thomas A. Edison (ele mais uma vez!), em que vemos nada mais nada menos que uma mulher e uma garotinha alimentando galinhas, enquanto são cercadas por pombos em revoada. Um filme cotidiano, mas de uma beleza incrível, que recomendo a toda e qualquer pessoa que esteja se sentindo triste por causa da implacável rotina... Eu estou, mas não por causa da rotina. Justamente por ser contrário. Recomendo a mim mesmo, portanto!

Wesley PC>

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