Vai um pouco de outro assunto repetitivo (o que não quer dizer que nenhum deles seja desimportante):
Como é sabido, alguns setores da Universidade Federal de Sergipe foram ocupados pelos estudantes. Antes de explicitar aqui a minha concordância em relação ás reivindicações dos representantes estudantis que tomaram a frente da ocupação, preciso contar duas anedotas (reais), vivenciadas nesta segunda-feira, dia 3 de novembro de 2008:
a) precisava entrar no prédio da Reitoria para resolver um assunto pessoal. Quando estou abrindo um dos portões de acesso, um garoto bonito e com fala robotizada me pára e pede que eu leia um cartaz. Dispenso a leitura e pergunto: “quer dizer que eu não poso entrar por aqui?”. Ele insiste para que eu leia o cartaz. Eu desdenho e repito a pergunta. Ele insiste na mesma frase, até que alguém grita lá de dentro: “ele pode passar”. Eu pude passar. Por quê? O que me deu este direito, este poder súbito? Logo eu que trabalhava até pouco tempo num daqueles burocráticos da Universidade? Seria porque eu conheço e simpatizo com a maioria dos estudantes ocupados? Isto não seria misturar assuntos privados e causas públicas? Depois eu volto a tocar no assunto...
b) antes de voltar para casa, fiquei espiando as atividades dos alunos. De repente, uma das funcionárias da Instituição tenta penetrar numa das salas ocupadas, ao que é advertida por um militante: “a sala foi ocupada pelos estudantes”. Ela exclama, então: “Deus é mais!”. O aluno retruca: “neste momento, os estudantes é que são mais!”. A mulher trata o estudante como se foge um herege e vai embora, esbravejando. Surpreendentemente, o estudante é repreendido por uma colega, por ter “criado conflitos desnecessários”. O estudante em pauta, nosso amigo muito coerente Bruno/Danilo então questiona: “conflito desnecessário? Só porque eu incluí Deus no meio?”. Ai, ai, como é complicado mobilizarmo-nos grupalmente!
E é isso! A UFS está sendo gradualmente ocupada e, para além de qualquer defeito organizacional, eles têm razão em fazer o que fazem. Acabo de ver um filme político de Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin, no qual eles se referem à universidade como sendo nada mais que “um jardim-de-infância para adultos”, logo em seguida ensinando como se fazem bombas caseiras para se utilizar em lutas armadas. Às barricadas, urgente!
Na foto, uma brilhante captação de momento durante a tentativa de boicote ao REUNI.
Vemos Rafael Torres em destaque, algumas pessoas conhecidas e queridas em posição de ataque, um segurança em posição de aguardo, um garoto com uma máquina fotográfica (demonstrando a importância metalingüística do evento) e o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis com um olhar inane. Eis o que chamo de captação ativa de primeira qualidade!
Wesley PC>
Como é sabido, alguns setores da Universidade Federal de Sergipe foram ocupados pelos estudantes. Antes de explicitar aqui a minha concordância em relação ás reivindicações dos representantes estudantis que tomaram a frente da ocupação, preciso contar duas anedotas (reais), vivenciadas nesta segunda-feira, dia 3 de novembro de 2008:
a) precisava entrar no prédio da Reitoria para resolver um assunto pessoal. Quando estou abrindo um dos portões de acesso, um garoto bonito e com fala robotizada me pára e pede que eu leia um cartaz. Dispenso a leitura e pergunto: “quer dizer que eu não poso entrar por aqui?”. Ele insiste para que eu leia o cartaz. Eu desdenho e repito a pergunta. Ele insiste na mesma frase, até que alguém grita lá de dentro: “ele pode passar”. Eu pude passar. Por quê? O que me deu este direito, este poder súbito? Logo eu que trabalhava até pouco tempo num daqueles burocráticos da Universidade? Seria porque eu conheço e simpatizo com a maioria dos estudantes ocupados? Isto não seria misturar assuntos privados e causas públicas? Depois eu volto a tocar no assunto...
b) antes de voltar para casa, fiquei espiando as atividades dos alunos. De repente, uma das funcionárias da Instituição tenta penetrar numa das salas ocupadas, ao que é advertida por um militante: “a sala foi ocupada pelos estudantes”. Ela exclama, então: “Deus é mais!”. O aluno retruca: “neste momento, os estudantes é que são mais!”. A mulher trata o estudante como se foge um herege e vai embora, esbravejando. Surpreendentemente, o estudante é repreendido por uma colega, por ter “criado conflitos desnecessários”. O estudante em pauta, nosso amigo muito coerente Bruno/Danilo então questiona: “conflito desnecessário? Só porque eu incluí Deus no meio?”. Ai, ai, como é complicado mobilizarmo-nos grupalmente!
E é isso! A UFS está sendo gradualmente ocupada e, para além de qualquer defeito organizacional, eles têm razão em fazer o que fazem. Acabo de ver um filme político de Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin, no qual eles se referem à universidade como sendo nada mais que “um jardim-de-infância para adultos”, logo em seguida ensinando como se fazem bombas caseiras para se utilizar em lutas armadas. Às barricadas, urgente!
Na foto, uma brilhante captação de momento durante a tentativa de boicote ao REUNI.
Vemos Rafael Torres em destaque, algumas pessoas conhecidas e queridas em posição de ataque, um segurança em posição de aguardo, um garoto com uma máquina fotográfica (demonstrando a importância metalingüística do evento) e o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis com um olhar inane. Eis o que chamo de captação ativa de primeira qualidade!
Wesley PC>
Nenhum comentário:
Postar um comentário