quinta-feira, 6 de novembro de 2008

PARA QUE NÃO DIGAM QUE SÓ FALO DO MESMO ASSUNTO (OU MELHOR, DA MESMA PESSOA)...


Vai um pouco de outro assunto repetitivo (o que não quer dizer que nenhum deles seja desimportante):

Como é sabido, alguns setores da Universidade Federal de Sergipe foram ocupados pelos estudantes. Antes de explicitar aqui a minha concordância em relação ás reivindicações dos representantes estudantis que tomaram a frente da ocupação, preciso contar duas anedotas (reais), vivenciadas nesta segunda-feira, dia 3 de novembro de 2008:

a) precisava entrar no prédio da Reitoria para resolver um assunto pessoal. Quando estou abrindo um dos portões de acesso, um garoto bonito e com fala robotizada me pára e pede que eu leia um cartaz. Dispenso a leitura e pergunto: “quer dizer que eu não poso entrar por aqui?”. Ele insiste para que eu leia o cartaz. Eu desdenho e repito a pergunta. Ele insiste na mesma frase, até que alguém grita lá de dentro: “ele pode passar”. Eu pude passar. Por quê? O que me deu este direito, este poder súbito? Logo eu que trabalhava até pouco tempo num daqueles burocráticos da Universidade? Seria porque eu conheço e simpatizo com a maioria dos estudantes ocupados? Isto não seria misturar assuntos privados e causas públicas? Depois eu volto a tocar no assunto...

b) antes de voltar para casa, fiquei espiando as atividades dos alunos. De repente, uma das funcionárias da Instituição tenta penetrar numa das salas ocupadas, ao que é advertida por um militante: “a sala foi ocupada pelos estudantes”. Ela exclama, então: “Deus é mais!”. O aluno retruca: “neste momento, os estudantes é que são mais!”. A mulher trata o estudante como se foge um herege e vai embora, esbravejando. Surpreendentemente, o estudante é repreendido por uma colega, por ter “criado conflitos desnecessários”. O estudante em pauta, nosso amigo muito coerente Bruno/Danilo então questiona: “conflito desnecessário? Só porque eu incluí Deus no meio?”. Ai, ai, como é complicado mobilizarmo-nos grupalmente!

E é isso! A UFS está sendo gradualmente ocupada e, para além de qualquer defeito organizacional, eles têm razão em fazer o que fazem. Acabo de ver um filme político de Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin, no qual eles se referem à universidade como sendo nada mais que “um jardim-de-infância para adultos”, logo em seguida ensinando como se fazem bombas caseiras para se utilizar em lutas armadas. Às barricadas, urgente!

Na foto, uma brilhante captação de momento durante a tentativa de boicote ao REUNI.
Vemos Rafael Torres em destaque, algumas pessoas conhecidas e queridas em posição de ataque, um segurança em posição de aguardo, um garoto com uma máquina fotográfica (demonstrando a importância metalingüística do evento) e o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis com um olhar inane. Eis o que chamo de captação ativa de primeira qualidade!

Wesley PC>

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