domingo, 16 de novembro de 2008

“ACHO QUE EU NUNCA DEIXEI DE AMÁ-LO”...


Nunca duvidei que, diante de qualquer filme de Woody Allen, eu ia pensar mais em minhas feridas não-cicatrizadas que em meus sorrisos vindouros. Por mais que suas comédias sejam violentamente efetivas na difícil arte de nos fazer gargalhar, seus personagens sempre perseguidos por divórcios fazem com que nos sintamos tão inseguros na impossível tarefa de se entender o amor quanto os protagonistas. Ontem à noite, revi “Poderosa Afrodite” (1995). Hoje pela manhã, vi “Dirigindo no Escuro” (2002). Em ambos os filmes, gargalhei deveras. Por causa de ambos os filmes, tive um pesadelo horrível nesta madrugada. Às 4h, estava de pé, sobre a cama de minha mãe, nervoso.

No pesadelo que tive, o primeiro amigo a se casar e ter filhos dentre o meu círculo de conhecidos de adolescência pré-universitária contraía AIDS e lidava humoristicamente com o assunto. Na vida real, ele é uma das pessoas mais maritalmente fiéis e submissas que existem no mundo. Ainda assim, sua esposa acha que nós temos/tivemos um caso. Quem me dera que isso fosse verdade (risos). O que importa é que acordei muito assustado e enviei uma mensagem de celular desejando um “ótimo domingo” para ele, visto que seu irmão mais novo acaba de ter um filho, aos 18 anos de idade, mesma idade em que ele gerou sua filha.

A fim de sair de meu transe e temor, recorri à triste cantora norte-americana Cat Power e seu álbum “You Are Free”, de 2003. Vendo o filme de Woody Allen, escutei uma das melhores declarações de amor conformista que já ouvi nestes 27 anos de existência terrena:

“o melhor da masturbação é depois, quando podemos dormir abraçadinhos”

Antes que eu revele os nomes que verdadeiramente mantêm a minha angústia hodierna, termino aqui esta crônica, advertindo que ambos os filmes citados neste texto podem ser encontrados em Gomorra esta semana. Recomendo-os a qualquer pessoa que já tenha encerrado um relacionamento e que até hoje se arrependa de tal feito, visto que, se “dois terços dos relacionamentos são constituídos por inércia”, o terceiro terço é definitivamente o amor, conforme atesta o gênio Woody Allen.

Wesley PC>

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